terça-feira, 12 de junho de 2018

CANTO DA COLHEITA
(12 de junho de 2018)

O que dói à alma condenada,
É querer o que do lado respira,
Toque, riso, afeto e um sopro do nada,
O que perto te chega e então se retira;

É o esboço da melhor resposta,
E logo após o silêncio gélido do desprezo;
Usar a conveniência da solicitude disposta,
E então por na gaveta o falso apreço;

Entre tantos que hoje cantam,
Idilios, romances, juras e melodias,
Sou mendigo sob luzes que encantam,
Fora de todos os olhares doces deste dia;

Sou folha de um diário rasgado,
Teco de brasa dispersa, moribunda,
Presente deixado no nicho de seu passado.


domingo, 3 de junho de 2018

SENTENÇA DE VIDA

Não é apenas se matar que dá fim à vida;
Vaga-se cabisbaixo em peso de culpa,
Espera-se a porta abrir indicando a partida,
Não há voz ou fôlego pra pedir desculpa;

A vida acaba quando o afeto foi extinto,
Na alma traída em mágoa que o secou,
Tanto amor que houve, tudo era lindo,
E meu erro como fogo sem dó matou;

Hoje ao fim de dia sou resto de luz no ocaso,
Metade, nem isso do que costumava ser,
Nada de dor ou perda é acaso,
Perambulo em seu espaço sem você me ver.