PASSEIO DE PINÓQUIO.
No Instagram não tem:
Pum, meleca, pó nem lama,
Não tem a pilha de louça suja,
Nem o chato religioso que chama,
No domingo cedo que pede cama;
Não tem ainda:
O banheiro que precisa da faxina,
A conta atrasada na beira do aparador,
A meia largada na cama mais ainda,
A cara amassada do dia com dor;
Lá só tem então:
O lugar paradisíaco que chama a inveja,
A balada onírica que não fui convidado,
A comida glamourosa que a gula corteja,
O país distante que presente é no passado;
No Instagram:
A felicidade tem filtro e curtida,
A verdade congela, só o dedo corre livre,
Até onde a memória conectiva breca aturdida,
Para evitar que deprima mais ou melindre;
Ir para Pasárgada? Que nada!
Vou pro Insta das selfies mortais,
Das selfies de luxo vazio e cena criada,
Que me fazem rico ou pobre, mas real jamais!
Há 9 anos